LOGO TURISMO E AFINS

terça-feira, 20 de março de 2012

A nossa real educação

Queremos iniciar a presente coluna com um relato do passado referente a nossa educação, e quando falamos nossa é, neste princípio de escrita, a baiana.

Voltemos, mais ou menos, em torno de 222 anos, época posterior a declaração de independência das ex-13 Colônias Inglesas (atuais Estados Unidos), em 1776, e da que dava os primeiros passos da burguesa revolução francesa (1789).

 Por estas nossas terras tropicais, precisamente na então capitania da Bahia, deixou sua marca magisterial o professor – provavelmente – português de grego Luís dos Santos Vilhena, autor da obra depois intitulada “A Bahia no século XVIII” (Editora Itapuã, Salvador, 1969).
Em determinada parte do seu clássico da historiografia, Vilhena diz que na “Educação” baiana do período (“Carta Oitava”) “mostra-se a causa da decadência” por razão, dentre outros flagelos, de “o ordenado dos respectivos professôres” demonstrar “o como é quase impossível a subsistência”.


Utilizando o pseudônimo de Amador Veríssimo de Aleteya no auge do estilo literário em vigor, o arcadismo, o professor Vilhena endereçou aos seus amigos Filopono e Patrífilo, também outros pseudônimos certamente de uma mesma pessoa, o ministro português d. Rodrigo de Souza Coutinho, cartas criticando o sistema educacional da capitania “por ser uma repartição deixada ao desamparo”.


O caro leitor ou a cara leitora deve ter, com certeza, falado para os seus botões que a “nossa educação ainda está assim” devido omissões governamentais, pouco dinheiro público investido na área – e isto é verdade –, violência, displicência de muitos estudantes, evasão das famílias da sua responsabilidade com a educação dos filhos – e isto também é verdade – carência de apoio da sociedade etc., etc. e etc.


 A educação, na verdade, nunca foi equânime e vista com acalentosos olhos pelas autoridades políticas principalmente, isto desde a Grécia antiga quando havia a escola de Platão, chamada Academia e restrita à elite, e o Cinosarges, frequentada pelos menos favorecidos. De lá para cá, a educação foi o âmbito do desprezo, negligenciada pelos políticos e digna de pena pela sociedade.


 Com base nesta herança milenar, mas sabendo que cada fato é filho do seu tempo, foi que a “greve” nacional, deflagrada de 14 a 16 de março da semana passada, conclamou os professores e profissionais da educação de todo o país?

E muitos destes foram reivindicar por melhorias educacionais e pelo piso remunerativo nacional de R$ 1.451,00?
Na mentalidade de boa parcela, não foi bem isto que perpassou. Três dias no meio da semana (quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira) mais o sábado e o domingo equivaleram a cinco, cinco dias sem ver alunos falando alto, salas lotadas e quase insalubres, rotina de trabalho, a cara daquele ou daquela colega de trabalho insuportável! Um “feriadão” e tanto que quase dobre o de qualquer semana santa.


 Ah, mas o professor precisava dessa paralisação para mostrar que é um naipe (do árabe “naib”) coeso e forte Brasil adentro. Mesmo? Para comprovar a união professoral, bastava sairmos pelos municípios e encontrar professores “paralisados” nos sofás defronte ao televisor de LED e FULL HD, nos bares “tomando umas”, nas portas das casas, nas praias ou dirigindo seus veículos para um lugar a esmo.
Apolitizados?


 Muitos que são ligados a educação rimam “professor” com “sofredor”, porém suas mentes não sentiram sofrimento algum quando eles (ou elas) foram implorar por indicação ao prefeito a fim de este transferi-los (las) para outra escola próxima de sua residência; quando foram delatar ao prefeito um colega de trabalho reclamante do salário; quando sentiram inveja – ou sentem – do colega que é mais capaz na colocação de opiniões; quando disseram – e dizem – para si que o sindicato dos professores é conluiado com o prefeito, mas diz “amém” para seu presidente quando conversa com ele.


Assim é a nossa educação real, ou uma pequena parte dela, longe de qualquer “luta de classes”.

 Jorge Amorim (amorimdoporto@hotmail.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário