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segunda-feira, 11 de junho de 2012

“Terra de todos (os) nós”




"Aos bem aquinhoados, aos equilibrados financeiramente e aos que menos têm bens materiais na Bahia de 2012, apesar de as suas diferenças sócio-econômicas, está se tornando tedioso ouvir através das rádios, audiovisualizar por meio dos televisores e acessar pela internet os mais de sessenta dias de paralisação dos professores do ensino médio, extensão educacional manida pelo Estado em obediência a Lei de Diretrizes e bases nº 9.394/96.


 Falamos aqui que a repetição cotidiana acerca da greve dos docentes chegou ao “ápice da chatice” não por razão de que ela resulta em algo insignificante, mas sim pelo motivo de chegarmos à conclusão – que pode, e deve, ser indagada, é óbvio – que nem o governador da Bahia Jacques Wagner e nem os professores do Estado conseguem alcançar uma convergência devido os mais de 6% defendidos por aquele e os contumazes 22,22% dos outros significarem, na verdade, um conflito recheado pela ranhetice.

De um lado, a força estatal envaidecida pela sua herança hobbeseana (para entender este termo, por favor leia “Leviatã”, de Thomas Hobbes) determinada em não dar o braço à torcer para aquela categoria que a ajudou chegar ao poder na eleição de 2006 imaginando que tudo iria mudar. Do outro lado, absolutamente destoante da ideia de aceitar o percentual oferecido por seu patrão público, o arcabouço do magistério diz “não, não, não e não” à proposta governamental, dando de ombros para as consequências.

Com os estudantes secundaristas estão vendo todo esse conflito de interesses? Existem os que estão incomodados ao vislumbrarem a possibilidade de terem seu ano letivo perdido, já que dos 200 dias mais de um quarto está defenestrado. Há os que preferem ouvir suas músicas preferidas através dos celulares a ficarem se preocupando com a “briga de cachorros grandes”. E não podemos esquecer dos que torcem para a demora do retorno das aulas.

Esta é a Bahia nossa de cada dia: postergação das aulas pela carência de sintonia entre governo e professores, além de certo conformismo estudantil, embora saibamos que esta última categoria mobilizar-se-á, talvez, quando seu umbigo for alfinetado. Permanecem “nós cegos” amarrando o caminho natural para o fomento da mente humana promovido pela educação. Errado está aquele que tem telhado de vidro, porém adora atirar pedras no vizinho.

E o que dizem fragmentos das nossas leis sobre a educação?

É engraçado vermos o plágio necessário da Constituição baiana de 1989 em relação a Constituição federal de 1988 no tocante a educação. Explicamos cara leitora ou caro leitor. A Carta Magna brasileira reza no artigo 205: “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

De que forma vem no artigo 244 da Carta Magna da Bahia? Basta confirmar a semelhança: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Como seria benéfico se na “terra de todos nós”, ‘slogan’ do atual governo Jacques Wagner, a educação (desprezada) não a tornasse a “terra de todos ‘os’ nós”. Verdadeira desgraça está sendo embrionada na Bahia: a implosão das mentes humanas, envolvidas nos “nós” do desgoverno e da negligência social.


Texto: Jorge Amorim (amorimdoporto@hotmail.com)
Fotos: Internet

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