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sábado, 3 de setembro de 2011

BRINQUEDOTECA: UM CONVITE A BRINCADEIRA

“Brincar com crianças não é  perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem".

 ( Carlos Drummond de Andrade)

Brinquedoteca é um espaço que proporciona a criança um ambiente lúdico e prazeroso, estimulando a socialização entre elas. O brincar, neste ambiente, é entendido como algo natural e essencial ao desenvolvimento humano, englobando o aspecto motor, cognitivo, social e emocional do indivíduo.



 A criança que está presente neste ambiente aprende a se relacionar com o outro e consigo mesma, a trocar, explorar, jogar, brincar, elaborar questões internas, desenvolver a linguagem e socializar-se. Trata-se de um espaço que coloca ao alcance do brincante inúmeras atividades que possibilitam a ludicidade individual e coletiva, permitindo à criança construir seu significado de mundo.



De acordo com a ABBri, uma Brinquedoteca é “um espaço criado para proporcionar às crianças, oportunidade de brincar de forma enriquecedora e em que há muitos brinquedos, muita magia, muita criatividade e as” brinquedistas" prontas a favorecer a brincadeira”.

A brinquedista parte de uma Zona de Desenvolvimento Atual (ZDA) em que se encontra a criança para alcançar uma possível sustentação da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), intermediando este processo através das atividades lúdicas.

Vygotsky (apud COLL, 1978, p. 93-94), ao declarar que “todas as funções psicológicas superiores se originam com relações entre seres humanos”, reporta-nos ao seu outro conceito de mediação social, o qual permite definir o papel da brinquedista. Desta forma, pode-se inferir que o adulto é o veículo que media a atividade lúdica para a criança.


Em 2005 foi aprovada a Lei Federal 11.104/2005 que garante às crianças internadas em unidades de saúde, públicas ou privadas, terem uma brinquedoteca a seu dispor. O brincar se constitui, então, como um direito infantil, independente da condição em que a criança se encontre.

Existem vários tipos de Brinquedotecas: circulante, terapêutica, social ou hospitalar, as quais podem ser constituídas como um espaço para brincar ou para empréstimo de brinquedos.

Segundo Cunha, a Brinquedoteca é “um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos...” “É um lugar onde tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar”.

Na Brinquedoteca utilizam-se brinquedos e brincadeiras como via de construção para a comunicação expressiva da criança, para o seu processo de socialização e desenvolvimento.


As brinquedotecas existem com o objetivo de humanização, o qual a criança é vista como um todo de possibilidades. Neste ambiente, ela é estimulada a se relacionar com o outro, a aprender a dividir o espaço, a desenvolver a oralidade, as habilidades psicomotoras, o gosto pela leitura e a compreensão lógico-matemática, além de compreender a vida, a sua pertença ao mundo, a estar em exercício da vida e desenvolver a imaginação.

            A brincadeira intermédia a criança no mundo social. Sendo a brincadeira uma das categorias que orienta o ser humano para ser parte de uma determinada sociedade, tem-se que o indivíduo ao brincar, estabelece ações interativas entre os objetos e o mundo que o cerca. No momento em que o sujeito concretiza a ação da brincadeira, ele reconstrói a realidade de maneira simbólica expressando, assim, uma reação através de uma ação. Realizando a ação de brincar, o indivíduo transita na elaboração de questões de ordem emocional.

A brincadeira é uma espécie de “elo” entre a realidade externa e interna, pois joga com a integridade e a divisão do ser humano. Ao lidar com o que é real e com o faz-de-conta, a criança não está apenas propiciando a integração geral de sua personalidade, mas, desenvolvendo sua capacidade de inversão, está à volta com a problemática da verdade e da criação de novidades (WINNICOTT, 1975).

 Sendo assim, enquanto categoria, a brincadeira orienta o homem no seu processo evolutivo, ela cria zonas de evolução, a qual a criança pode exprimir seus desejos na obtenção de prazer. Neste contexto, há uma relação de ordem que está expressa na manutenção de incorporar regras, ainda que subjetivas da realidade em que faz parte. O brincar, portanto, se reveste de importância por ser a maneira mais prazerosa do indivíduo aceitar o conjunto de regras e normas que o inserem no convívio social. Brincando ele expressa assim, sua real possibilidade de ser criança e conviver no mundo, passando pela infância como seres felizes e chegando a fase adulta como seres imaginativos, sensíveis e sociáveis.


Texto e fotos: Rafaela Guimarães rafiusk80@hotmail.com

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